" O vento é o mesmo mas sua resposta é diferente em cada folha".
Cecília Meireles

quinta-feira, 27 de junho de 2013

A AÇÃO DOS PROFESSORES NOS CASOS DE TDAH

A palestra da Dra Rosana rendeu bons aprendizados. Entendi que:

Principalmente, em razão da evolução social, econômica e cultural das sociedades a escola vem, gradativamente, redefinindo seu papel enquanto instituição formadora, criando novos serviços e consequentemente, agregando novos profissionais ao processo educativo.
Enquanto nela permanece, o aluno recebe influências determinantes no seu processo de desenvolvimento. Embora outras instituições, como a família e a comunidade, por exemplo, sejam igualmente importantes na formação dos jovens, a escola assumiu para si, a responsabilidade pelo seu desenvolvimento integral, considerando seus múltiplos aspectos.
            Como o aluno passa na escola um período considerável de horas, é inevitável que ela esteja mais bem aparelhada para exercer sua multiplicidade de funções.
          Os problemas que se evidenciam na escola são complexos e variados, contudo, sempre convergem para um mesmo ponto, qual seja, o comprometimento do ensino e da aprendizagem, o que faz gerar altos índices de repetência e evasão.
            Por sua vez, as razões dos fracassos são também numerosas e diversificadas, o que faz compreender que a educação não pode se esgotar somente na relação professor-aluno, qual seja, no espaço restrito da sala de aula.
            Sob este aspecto, importa reconhecer a importância de todos os profissionais, sejam eles técnicos, docentes ou gestores, que compartilham o desafio de integralizar o educando para o seu desenvolvimento integral, enquanto pertencente à instituição escola.
         O ato de educar com ações interventivas, é visto atualmente, como fundamental para melhoria dos padrões educacionais e capaz de responder às demandas do desenvolvimento individual do aluno. Considerando o aspecto técnico e pedagógico desta abrangente função, cumpre verificar o papel do educador no processo de identificação e manejo dos alunos com TDAH de forma a proporcionar o seu bem-estar na escola e principalmente otimizar o seu aproveitamento escolar.
            Há necessidade de se explicar que uma criança desatenta nem sempre é hiperativa, e por sua vez, a disfunção causa grandes impactos na vida familiar, escolar e social do aluno.

            No exercício das suas funções, sabe-se que o professor deve apoiar e orientar todos os alunos. Pela natureza e complexidade do TDAH, necessário se torna identificar e encaminhar os casos para tratamento especializado, de modo a intervir satisfatoriamente no progresso escolar desses alunos, além de tornar mais fácil e bem sucedido o trabalho de toda a equipe escolar.

CURRÍCULO, CULTURA E SOCIEDADE

CURRÍCULO, CULTURA E SOCIEDADE

Antônio Flávio Moreira e Tomaz Tadeu da Silva (orgs.)

10ªed. São Paulo, Cortez, 2008


Capítulo 2 – Repensando Ideologia e Currículo
Michael W. Apple

Responder à indagação “que conhecimento vale mais?”, muito mais que uma questão educacional envolve a análise de preceitos ideológicos e políticos. Segundo Apple (2008, p. 41) “Enquanto não levarmos a sério a intensidade do envolvimento da educação com o mundo real das alternantes e desiguais relações de poder, estaremos vivendo em um mundo divorciado da realidade”.

[...] Fica bastante claro ao se notar que os ataques da direita às escolas, o clamor pela censura e as controvérsias acerca dos valores que estão e que não estão sendo ensinados, acabaram por transformar o currículo em uma espécie de bola de futebol política. [p.40]

[...] Enquanto não levarmos a sério a intensidade do envolvimento da educação com o mundo real das alternantes e desiguais relações de poder, estaremos vivendo em um mundo divorciado da realidade. As teorias diretrizes e práticas envolvidas na educação não são técnicas. São intrinsecamente éticas e políticas. [p.41]

[...] Em primeiro lugar, queria que os educadores, sobretudo aqueles com interesse específico no que acontece dentro das salas de aula, examinassem criticamente as suas próprias ideias acerca dos efeitos da educação. [...] Em segundo lugar, desejava usar determinada abordagem conceitual, empírica e política para a realização dessa tarefa. Tal abordagem deveria revelar como a educação estava vinculada de maneiras significativas à reprodução das relações sociais vigentes. [...] Finalmente, senti que era necessário transportar-me para dentro da escola e escrutinar rigorosamente o verdadeiro currículo – não só o explícito, mas também o oculto – que dominava a sala de aula [...]. Meu objetivo era sintetizar, reformular e ampliar investigações acerca do papel social de nossas teorias e práticas educacionais amplamente aceitas. [p. 44 a 45]

Capítulo 3 – A política do conhecimento oficial: faz sentido a ideia de um currículo nacional?
Michael W. Apple

A educação está intimamente ligada à política da cultura. O currículo nunca é apenas um conjunto neutro de conhecimentos, que de algum modo aparece nos textos e nas salas de aula de uma nação. Ele é sempre parte de uma tradição seletiva, resultado da seleção de alguém, da visão de algum grupo acerca do que seja conhecimento legítimo. É produto das tensões, conflitos e concessões culturais, políticas e econômicas que organizam e desorganizam um povo. [p. 59].


Capítulo 4 – Cultura popular e pedagogia crítica: a vida cotidiana como base para o conhecimento curricular
Henry A. Giroux
RogerSimon

Para Roger Simon e Henry Giroux (1994), a cultura popular representa um contraditório terreno de luta, e um importante espaço pedagógico onde são levantadas questões sobre os elementos que organizam a base da subjetividade e da experiência do aluno. Colocam ainda que, a cultura popular situada no terreno do cotidiano, quando valorizada e legitimada no currículo escolar é, em consequência disso, apropriada pelos alunos e ajuda a validar suas vozes e experiências. (p.96).

Os próprios educadores, em sua maioria, têm dificuldade em estabelecer vínculos entre os saberes universais, provenientes da racionalidade acadêmico-científica, com os saberes populares proveniente das culturas tradicionais, que a nosso ver, seria o caminho ideal a ser seguido pela educação formal. A formação desses educadores deveria garantir que houvesse um tratamento privilegiado às questões referentes aos saberes tradicionais populares, enquanto forma e conteúdo dos programas pedagógicos, para que o processo de troca e diálogo com os saberes científicos se desse de forma mais equilibrada e não hierarquizada. Portanto, além das políticas públicas no campo da educação, a formação continuada dos educadores, também deve estar voltada para as experiências produzidas no campo do saber tradicional, pois só dessa forma, será possível o alargamento da racionalidade e dos paradigmas que predominam nessas instâncias.(JOSE JEOVA XAVIER CONCEICAO - http://www.protexto.com.br/texto.php?cod_texto=2529)

Capítulo 5 - Formação cultural do professor como uma contra-esfera pública: a pedagogia radical como uma forma de política cultural
Henry A. Giroux
Peter Mc Laren

A educação abrange os processos formativos que desenvolvem-se na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais, nas organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. Portanto, a educação não deve ser privilégio e sim, um compromisso de ação social. Na verdade, seu grande problema é formar pessoas capazes de enfrentar a vida, pois seleciona incluindo alguns e excluindo a maioria.( Michelotti et al, A formação do professor e sua prática pedagógica).

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Protótipos Curriculares de Ensino Médio e de Ensino Médio Intergrado

Por José Antonio Küller*
Disponível em: http://www.senac.br/BTS/373/artigo5.pdf

Apesar dos maus resultados, o Ensino Médio não muda. Quatro forças garantem sua estabilidade há décadas: o currículo fragmentado, a facilidade administrativa, a formação dos professores e o pensamento pedagógico dominante. A Unesco desenvolveu protótipos curriculares de Ensino Médio para apoiar a mudança necessária. Eles definem objetivos, princípios educativos e mecanismos de integração curricular: núcleo de educação para o trabalho, projetos anuais, áreas de conhecimento, dimensões articuladoras. A integração do currículo pode mudar o Ensino Médio. Os protótipos enfraquecem uma das outras forças conservadoras, iniciam o desgaste das outras forças e fazem girar a roda da mudança.

"O número quatro feito coisa
ou a coisa pelo quatro quadrada,
seja espaço, quadrúpede, mesa,
está racional em suas patas;
está plantada, à margem e acima
de tudo o que tentar abalá-la,
[...]
mas a roda, criatura do tempo,
é uma coisa em quatro, desgastada."
(MELO NETO, 1976, p. 54)

Por definição, um protótipo é a primeira versão de uma inovação em processo de criação. O protótipo é utilizado em produtos em que é importante a participação dos usuários para sua finalização.
É, assim, uma obra propositadamente aberta e quase sempre inacabada. Entendendo currículo
como o conjunto de ações desenvolvidas pela escola no sentido de proporcionar oportunidades
para a aprendizagem, os protótipos buscavam criar ossaturas curriculares que permitissem e
facilitassem, no interior de escolas e sistemas estaduais de ensino, a criatividade de administradores,
técnicos, professores e alunos (usuários) na definição dessas oportunidades de aprendizagem.
Como consequência desejável, os protótipos devem facilitar a concepção de uma multiplicidade de projetos pedagógicos e currículos de Ensino Médio que atendam às necessidades da juventude e da sociedade brasileira neste início de milênio.

RESENHA SOCIOLOGIA E TEORIA CRÍTICA DO CURRÍCULO: UMA INTRODUÇÃO


Autor: Antonio Flávio Barbosa Moreira e Tomaz Tadeu da Silva

Ideias principais:
Este texto é dividido em dois temas:
  -  Emergência e desenvolvimento da sociologia e da teoria crítica do currículo.
  -  Uma visão sintética dosa temas centrais da análise crítica e sociológica do currículo.

Resumo do capítulo:
Os autores objetivam demonstrar uma visão sobre a tradição crítica e sociológica do currículo com uma breve incursão na sua história, gênese e desenvolvimento. No segundo momento, apresentam uma visão sintética do campo de análise crítica e sociológica do currículo nos tempos atuais.
Em sua trajetória histórica Moreira e Silva apontam que o campo de estudos da Teoria Crítica do Currículo originou-se nos Estados Unidos e desenvolveu-se na Inglaterra, elegendo-se aí como foco central da Sociologia da Educação.
Foi durante o final do século XIX nos Estados Unidos que educadores começaram a tratar mais sistematicamente de problemas e questões curriculares dando o surgimento de um novo campo. Devido a essa necessidade gerou o planejamento cientifico das atividades pedagógicas a fim de evitar que o comportamento e o pensamento do aluno se desviassem das metas e padrões pré-definidos. Neste período os Estados Unidos estava passando pelo período pós-guerra civil, a economia passou a ser denominada pelo capital industrial. Surgindo uma nova concepção de sociedade baseada em práticas e valores de ideologia que era a cooperação e especialização ao invés de competição. O sucesso na vida profissional passou a requerer evidências de méritos na trajetória escolar.
Segundo apontamentos dos autores podem ser observadas duas tendências voltadas à elaboração de um currículo: uma que valorizava os interesses do aluno, representada pelos trabalhos de Dewey e Kilpatrick que aqui no Brasil ficou conhecida como escolanovismo e a segunda voltada para a construção científica de um currículo que desenvolvesse os aspectos da personalidade adulta, o que que aqui se denominou tecnicismo. Durante a crise espacial, gerou na sociedade americana uma contracultura que enfatizava a liberdade sexual, uso de drogas, etc. As escolas foram alvos de críticas onde falavam em transformá-la e democratizá-la ou então aboli-la e substituí-la por outro tipo de instituição.
Na conferência de 1973, na Universidade de Rochester, com a intenção de identificar e ajudar a eliminar os aspectos que contribuíram para restringir a liberdade dos indivíduos surgiram duas correntes: Uma associada às Universidades de Wisconsin e Columbia, mais fundamentada no neomarxismo e na teoria crítica. A outra associada à tradição humanista e hermenêutica mais presente na Universidade de Ohio.
No período de 1950-1980, novos rumos teóricos e metedológicos transformaram a feição do ensino e da pesquisa da Sociologia na Grã Bretanha, uma Sociologia renovada.
Tanto os primeiros textos da NSE como seus desdobramentos permanecem até hoje insuficientemente divulgados no Brasil .
No segundo tema: Uma visão dos temas centrais da análise crítica e sociológica do currículo vem afirmar que não é mais possível alegar inocência ao papel do conhecimento organizado e transmitido nas instituições educacionais.
O currículo está envolto de três eixos: ideologia, cultura e poder.
Currículo e ideologia
A ideologia era vista como uma imposição. Essa visão amplia-se em três dimensões: A primeira, a ideologia não teria efeito se não contasse com alguma forma de consentimento dos envolvidos. A segunda, a ideologia não é homogênea e coerente de ideias, é feita de diferentes espécies de conhecimentos. A terceira dimensão, nesse processo de refinamento do conceito, os mecanismos de transmissão foram sendo vistos como muito sutis.
Currículo e cultura
Na teoria educacional tradicional cultura e currículo formam um par inseparável, formando uma forma institucionalizada de transmitir a cultura de uma sociedade.
O currículo e a educação estão profundamente envolvidos em uma política cultural, o que significa que são campos de produção ativa de cultura .
Portanto, o currículo é um terreno de produção e de política cultural no qual os materiais funcionam com matéria-prima de criação, recriação e de contestação e transgressão.
Cultura e poder
O currículo ao expressar as relações de poder, no seu aspecto oficial, constitui identidades individuais e sociais que ajudam a reforçar as relações de poder existentes fazendo com que os grupos subjugados continuem da mesma forma. Cabe a teorização curricular crítica em um esforço contínuo de identificação e análise das relações de poder envolvidas na educação e no currículo.
O currículo como um campo cultural, um campo de construção e produção de significados e sentidos das relações de poder.
Um conceito que também merece destaque é o conceito do currículo oculto. O currículo oculto foi criado para se referir àqueles aspectos das experiências educacionais não explicados no currículo oficial, formal.
As relações entre currículo e produção de identidades sociais e individuais têm levado os educadores a formular projetos educacionais e curriculares que se contraponham às características que fazem com que o currículo e a escola reforcem as desigualdades da presente estrutura social.
Nesse contexto tem havido uma tendência a vincular currículo e construção da cidadania e do cidadão.
Enfim, tem havido modificações nas formas de conceber o conhecimento e a linguagem com profundas implicações para a teorização sobre o currículo.
A teorização crítica sobre currículo, da qual a sociologia do currículo é um importante elemento é um processo contínuo de análise e reformulação que está apenas começando.
Comentários:
O texto mostra um relevante retrospecto sobre currículo e a preocupação em construir sua teorização de forma crítica. Os autores constroem uma trajetória história deveras detalhada buscando relacionar a construção do currículo aos fatos sociais relevantes. É também evidente que as construções teóricas sobre o assunto tendem a se detalhar conforme o interesse de alguns grupos  tendendo a se constituir em elementos para sua pormenorização.
Segue a sugestão de que o material é relevante para educadores e demais pesquisadores da educação que desejem aprofundar-se nas teorias sobre currículo.

sábado, 1 de junho de 2013

“Todo el sistema educativo y de capacitación
profesional es un filtro elaborado que necesita
descartar a la gente que es demasiado independiente y
que piensa por sí misma, que no sabe ser sumisa y así
sucesivamente, porque son disfuncionales para las
instituciones.”
Noam Chomsky

sexta-feira, 24 de maio de 2013

A ESCOLA DA VIDA : currículo e trabalho


Aprendemos que todo ser vivo passa pelo ciclo vital: nasce, cresce, reproduz, envelhece e morre. Não necessariamente cumprindo todas as etapas. Há alguns que logo que nascem já morrem. Mas excluindo as peças do destino, esse mágico sistema de vida única se agrega a outros indivíduos que, por coerência da espécie, percorrem a mesma trajetória.

É aí que muitas vezes nos encontramos em uma determinada fase. Na família e na escola a convivência é mais estreita, passamos juntos mais etapas da vida. É, pois necessário que existam regras para conduzir esses percursos. As regras de casa governam determinada família e não podem ser muito destoantes das demais famílias, caso contrário os sujeitos não convivem harmoniosamente entre si. É claro que a harmonia tem que ser objetivada, caso contrário não seremos felizes. Somos então educados para ser felizes. E a felicidade inclui caráter, valores, bem estar, barriga cheia e TRABALHO.

As regras da escola estão no currículo de ontem, no de hoje e no amanhã. Não quero pois questionar as entrelinhas da proposta curricular, mas resguardar a importância desta como regra de convivência que enaltece pontos importantes de uma cultura, em um determinado momento. Dessa forma, não há um currículo bom e um currículo ruim, mas sim aplicações de propostas com maiores chances de sucesso ou fracasso, considerando o seu tempo.

A proposta é curricular não se distancia das regras de casa se comprometer-se com a felicidade dos indivíduos. Certamente é possível ser feliz na trajetória acadêmica, formar-se como um cidadão de bem, conquistar um trabalho digno que estruture o indivíduo para educar a sua família que nasce, cresce, reproduz, envelhece e morre...

No mais, como diz o poeta, e que seja algum dia um poeta: “LEK, LEK, LEK, LEK...”

domingo, 19 de maio de 2013

FICHAMENTO - Pensamento e política curricular: entrevista com William Pinar

Tipo:
Entrevista
Assunto / Tema:
Teoria do Currículo
Referência:
LOPES, Alice C; MACEDO, Elizabeth. Pensamento e política curricular: entrevista com William Pinar. In: Políticas de currículo em múltiplos contextos. São Paulo, Cortez, 2006.
Resumo:
Alice Casimiro Lopes, e Elizabeth Macedo, professoras e pesquisadoras na área de currículo da UFRJ, são organizadoras da entrevista com William Pinar, professor e pesquisador em currículo da University of British Columbia (UBC), no Canadá. O especialista em currículo dirige o Centre for the Study of the Internationalization of Curriculum Studies, na mesma instituição.
Na entrevista, Pinar relata o quanto estudar a história do currículo ajuda a perceber a história vivida pela humanidade que está sempre permeando o presente. Dentro da lógica da vivência passada é sempre necessário pesquisar as dimensões do currículo em sua complexidade, bem como as biografias dos profissionais que estão envolvidos na sua execução para que seja possível compreender as relações que se apresentam.
A entrevista com Pinar apresenta questões provocativas que levam o pesquisador a dizer sobre o processo de de elaboração das formas curriculares, trazendo para a pauta de discussão a dispersão cultural presente nas políticas educativas atuais, que têm demonstrado uma nova forma de "identidades políticas" que, mesmo vinculadas a um aparelho de Estado autoritário e ao mercado, como suas intensas medidas de (re)centralização, têm buscado responder aos propósitos específicos e locais.
Entre outras questões, a entrevista também revela os pensamentos do autor em relação às questões de gênero, de multiculturalismo e de ação ecológica, assim como as relações entre currículo, indivíduo, sociedade e história.
Citações:
[...] eu devo pensar que o estudo das teorias brasileiras de currículo é muito importante para estudantes de educação do Brasil. (p. 13).

[...] estudar teoria de currículo, é importante na medida em que oferece aos professores de escolas públicas, a compreensão dos diversos mundos em que habitamos e, especialmente a retórica política que cerca as propostas educacionais e os conteúdos curriculares. (p. 14).

Os professores de escolas (norte americanas) têm dificuldades em resistir a modismos educacionais passageiros, porque, em parte não lembram das teorias e da história do currículo, porque muito frequentemente não as estudaram. (p. 14).

 [...] Os estudos do currículo são, atualmente, o único ponto de interdisciplinaridade em ambiente escolar e de ensino, ... (p. 25).

 [...] a teoria do currículo é um campo complexo de pesquisa acadêmica dentro do amplo campo da educação, que busca entender o currículo por meio das disciplinas acadêmicas. (p. 26).

 [...] a teoria do currículo tem como objetivo a compreensão global das implicações educacionais do currículo, principalmente, temas interdisciplinares, tais como gênero, multiculturalismo ou crise ecológica, assim como as relações entre currículo, indivíduo, sociedade e história. (p. 26).

 [...] não se pode compreender as complexas relações entre subjetividade e aprendizagem, ensino e currículo sem uma séria e fundamentada atenção à teoria psicanalítica.(p. 30).

 [...] a teoria do currículo é, então, descobrir e articular, para si mesma e para os outros, o significado educacional das disciplinas escolares, num momento histórico em constante transformação.(p. 31).

Considerações da pesquisadora:
A entrevista com Pinar é bastante oportuna para a compreensão de que os estudos sobre currículo e sua aparente inconsistência de resposta não é uma questão que aflige apenas o contexto cultural brasileiro, mas pelo contrário, o Brasil tem sido campo de estudo em outros países, também no tocante à área educacional.
É também evidente o quanto as questões culturais, políticas e históricas são importantes e estão intrínsecas para a execução das práticas curriculares, fato este que traduz a compreensão que as propostas sempre trazem precedentes. O entrevistado focaliza este fato em diversas passagens históricas dos Estados Unidos o que nos remete a uma releitura para o caso brasileiro.

Indicação da obra:
Políticas de currículo em múltiplos contextos. São Paulo, Cortez, 2006.

IDEIAS FREIREANAS


Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa


Resenha
Referência
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo : Paz e Terra, 2002.
Resumo
Na obra de Paulo Freire - Pedagogia da Autonomia, a prática pedagógica torna-se eminentemente importante, pois, contribui para que o educador deixe a cômoda posição de “ensinagem” para um oposto de atuação traduzido no processo de realizar, criando possibilidades para a construção do conhecimento.
Freire destaca a interação entre aprender e ensinar, mostrando que quando um sujeito ensina, também aprende e vice-versa. Não sendo, portanto, duas atividades separadas e sim conectadas.
O ser humano é perfeitamente capaz de ir além de seus condicionantes, e deve fazê-lo.
O educador deve constantemente despertar no educando a curiosidade e sua insubmissão, para que este aprenda criticamente. Pois o saber não deve ser simplesmente transferido. Sendo importante para que o educando vá se transformando em sujeito da construção e reconstrução do saber ensinado. O educador deve, portanto, não apenas ensinar o conteúdo, mas acima de tudo ensinar a pensar certo. O mais importante não é a quantidade de conhecimento e sim a qualidade. Pensar certo exige reflexão.
O autor diz que ensino e pesquisa estão interligados. E o educador deve transferir aos alunos os conteúdos e quando estes são apreendidos, operam por si mesmos. Ensinar exige uma superação e não uma ruptura, uma certa curiosidade; pois sem esta não haveria criatividade. Sendo assim, os educadores devem despertar ou instigar a curiosidade do educando. O professor deve manter na sua argumentação certa segurança. Deve aceitar o novo e saber preservar o velho que encarna uma tradição ou marca uma presença no tempo. Produzir nos alunos um diálogo constante e uma reflexão crítica sobre a prática. O educando deve fazer e pensar sobre o que está fazendo. Freire ainda afirma que, tomar consciência do que está fazendo, ajuda a tornar-se um ser pensante, crítico e transformador. É importante sempre questionar.
Freire alerta para o fato de que o professor ao estar em uma sala de aula deve estar atento ao fato de que esta ali para ensinar e não somente transferir conhecimento. Este é um fato que não apenas deve ser apreendido pelo professor e pelo educando, mas também deve ser vivido por eles.
Um professor crítico é uma ser aberto ao conhecimento e as inovações, consciente de seu inacabamento, pois segundo o autor, onde há vida há inacabamento. E que tomando conhecimento sabem que as barreiras não se eternizam. Este sujeito estará em um permanente processo social de busca. A curiosidade torna-se neste caso um fato que gera e abre caminhos para o saber. Já a memorização acaba castrando a liberdade do educando de aventurar-se por si próprio. É importante lembrar que homens e mulheres se tornaram educáveis por que primeiramente tiveram a consciência se seu inacabamento, e isso os fez irem busca de sua educabilidade.
O autor também discute sobre autoridade e autoritarismo, licença e liberdade.  O professor assim como o aluno deve conhecer as diferenças entres essas ações. A responsabilidade do professor é extremamente grande, nenhum deles passa sem deixar marca no aluno, deve aprender a respeitar a autonomia, a dignidade e a identidade do educando. O professor tem que gostar do que faz e acreditar que junto com os alunos podem aprender, ensinar, instigar a busca e superar os obstáculos.
Necessário ainda repensar sobre o fato de que não se faz necessário estar a todo instante estar falando sobre a autoridade, pois ela por si só se faz presente. Um professor competente exerce sem grandes esforços a autoridade e recebe o respeito dos alunos. A autoridade não está no fato dos alunos permanecerem quietos, não está nos silenciados, mas sim na dúvida que instiga. É sempre possível saber o que ainda não sabe quanto saber melhor aquilo que já sabe.  Mas não pode ensinar aquilo que não sabe. O professor deve ser aquilo que diz. Deve tomar uma posição.
O educador deve saber escutar e não apenas falar. Nessa obra, portanto autor diz que escutar é mais que uma habilidade auditiva, é escutar com abertura à fala, ao gesto do outro. Muitas vezes o professor sem agressão pode sim, agredir o aluno, de maneira até mais forte e permanente. Na relação com o outro que não fez as mesmas escolhas, não se deve impor sua opinião. Viver uma abertura respeitosa ao outro.
Paulo Freire conclui que o educador não deve instigar os sonhos impossíveis, e tampouco deve negar aos que sonham o direito de sonhar. E que a arrogância intelectual não se faz necessário no educador. Ele acredita que é necessário que o professor perceba seu inacabamento para assim tornar-se um sujeito consciente de suas atitudes.

Comentários
Esta obra pode ser perfeitamente lida e relida pelos profissionais da área de licenciatura e seus educando ou qualquer um que queira saber um pouco mais sobre autonomia.
O autor aborda temas importantes e muitas vezes esquecidos pelos que estão na sala de aula. Apesar do livro quase parecer uma crítica ao professor, o autor reconhece as dificuldades do educador e as aborda em diferentes ocasiões. Tomado de um discurso regado a buscar a consciência do educador e do educando ele nos leva a percorrer as linhas de sua obra com certa firmeza no que escreve.
O discurso do autor traz o entendimento de que formar um(a) aluno(a) é muito mais que treinar e depositar conhecimentos simplesmente e, ainda que, para formação, necessitamos de ética e coerência que precisam estar vivas e presentes em nossa prática educativa, pois esta faz parte de nossa responsabilidade como agentes pedagógicos. Ele fala da esperança e do otimismo necessários para mudanças e da necessidade de nunca se acomodar, pois "somos seres condicionados, mas não determinados".

quinta-feira, 18 de abril de 2013

LIGANDO ALGUMAS DAS PONTAS... se é que isso seja possível!


Começo por onde? Pelos piruás ou pelas pipocas?

Desde que o milho é milho os grãos desabrocham ou não. Na escola também é assim. Mais quem se importa com o milho se quem está em evidência é o tomate? Teve a vez do feijão, do petróleo, do café e até do morango. Qualquer coisa do mundo globalizado e baleado pela globalização tem mais vez que o milho.

Nunca ouvi falar da crise do milho, que as lavouras receberam investimento e que o agricultor foi valorizado. Aliás, o agricultor - aquele que cultiva o produto, que põe na terra a semente e zela diariamente pelo seu crescimento – nunca foi valorizado no processo produtivo.

Cultura interessante essa nossa, já que quem promove condições para a germinação da semente para matar a fome do povo está sempre só e desprotegido, sem o devido cuidado da mesma população que outrora já matou a fome.

Por hora, cuidemos do milho. Cuidemos da lavoura. Cuidemos do agricultor. Senão, tudo vira piruá muito cedo.

Sermão da Montanha ( *versão para professores)



Naquele tempo, Jesus subiu a um monte seguido pela multidão e, sentado sobre uma grande pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem.

...Ele os preparava para serem os educadores capazes de transmitir a lição da Boa Nova a todos os homens.

Tomando a palavra, disse-lhes:

- Em verdade, em verdade vos digo:

- Felizes os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.

- Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.

- Felizes os misericordiosos, porque eles...?

Pedro o interrompeu:

- Mestre, vamos ter que saber isso de cor?

André perguntou:

- É pra copiar?

Filipe lamentou-se:

- Esqueci meu papiro!

Bartolomeu quis saber:

- Vai cair na prova?

João levantou a mão:

- Posso ir ao banheiro?

Judas Iscariotes resmungou:

- O que é que a gente vai ganhar com isso?

Judas Tadeu defendeu-se:

- Foi o outro Judas que perguntou!

Tomé questionou:

- Tem uma fórmula pra provar que isso tá certo?

Tiago Maior indagou:

- Vai valer nota?

Tiago Menor reclamou:

- Não ouvi nada, com esse grandão na minha frente.

Simão Zelote gritou, nervoso:

- Mas porque é que não dá logo a resposta e pronto!?

Mateus queixou-se:

- Eu não entendi nada, ninguém entendeu nada!

Um dos fariseus, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem ensinado nada a ninguém, tomou a palavra e dirigiu-se a Jesus, dizendo:

- Isso que o senhor está fazendo é uma aula?

- Onde está o seu plano de curso e a avaliação diagnóstica?

- Quais são os objetivos gerais e específicos?

- Quais são as suas estratégias para recuperação dos conhecimentos prévios?

Caifás emendou:

- Fez uma programação que inclua os temas transversais e atividades integradoras com outras disciplinas?

- E os espaços para incluir os parâmetros curriculares gerais?

- Elaborou os conteúdos conceituais, processuais e atitudinais?

Pilatos, sentado lá no fundão, disse a Jesus:

- Quero ver as avaliações da primeira, segunda e terceira etapas e reservo-me o direito de, ao final, aumentar as notas dos seus discípulos para que se cumpram as promessas do Imperador de um ensino de qualidade.

- Nem pensar em números e estatísticas que coloquem em dúvida a eficácia do nosso projeto- E vê lá se não vai reprovar alguém!

E, foi nesse momento que Jesus disse: "Senhor, por que me abandonastes..."

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Contextualizando a aula de 05/04

A polissemia do currículo apresentada por Sidney Macedo e bem exposta pelas colegas Rosana e Glenia é mais uma característica a ser repensada sobre na matéria de TCC. Vimos que ao contrastar o referencial com a história de vida da escritora nigeriana, o mundo deve ser apresentado sob diferentes visões para que a formação das pessoas tenha referenciais diferenciados para se estabelecer.

Por Dessano, Lourdes e Pollyanna

Assim que assistimos ao vídeo de Chimamanda Adichie (O perigo de uma história única) começamos a nos perguntar sobre o que de fato levamos à sala de aula.

Levamos pensamentos únicos sobre o assunto? Ideias prontas? Ou apresentamos mais de uma versão do fato a ser estudado?

Instigamos nossos alunos? Ou simplesmente repassamos informações?

A palestra de Chimamanda traz um entendimento que desde crianças estamos vulneráveis a compreender uma história sob a ótica do narrador. Seja ela positiva ou negativa. Portanto, podemos perceber que, quando temos mais de uma versão sobre a mesma história, construímos pensamentos sobre ela e não apenas absorvemos a primeira impressão.

Então, quando nos deparamos com a epígrafe de Santo Agostinho:

“Não vês que somos viajantes? E tu me perguntas: que é viajar? Eu respondo com uma palavra: é avançar! Experimentais isto em ti. Que nunca te satisfaças com aquilo que és, para que sejas um dia aquilo que ainda não és. Avança sempre! Não fiques parado no caminho”

percebemos que devemos nunca nos satisfazer com primeiras versões sobre o que aprendemos, visto que o conhecimento tem diferentes pontos de vista e formas de aprendizado. Sendo assim, devemos avançar sempre em busca de novos conhecimentos, para levar diferentes visões àqueles que estão sob nossa responsabilidade de educar.

Com o texto de Lino Moreira da Silva, entendemos que é indispensável o aprimoramento da educação do educador para formar alunos interventivos capazes de fazer com que a sociedade evolua. E essa formação somente ocorrerá se estivermos dispostos a experimentar avançar na busca do conhecimento de maneira audaciosa, frequente e não ficarmos rotinados, fixados, pois se permanecermos dessa forma, não assumiremos nosso verdadeiro papel de educador. Por isso, devemos instigar nossos alunos a pensar, provocar dúvidas, questiona-los. Para isso é necessário que saibamos diferentes verões sobre o assunto que queremos desenvolver, permitindo que nossos alunos estejam empoderados no mundo contemporâneo. “Poder é a habilidade de não só contar a história de uma outra pessoa, mas de faze-la a história definitiva daquela pessoa.” (Chimamanda Adichie)

Só para provocar....

Alguns questionamentos resultantes da leitura do texto:

1) Tomando como base o rumo tomado pelo humanidade, a educação é, em grande parte supérflua ou mal direcionada?

2) A boa educação não continua direcionada aos grupos elitizados?

3) As propostas contemporâneas não estão a sobrepor o currículo oculto sobre as demais áreas do conhecimento, como se isso bastasse no processo educativo?

4) Os valores estão subordinados a que ideais?

5) A educação agrega exatamente quais vantagens para o mundo evoluir?

6) O perfil profissional estreito e intolerante que encara o ato de ensinar como “ganha pão” é tendência da maioria? Poderia ser diferente?

7) Qual a dimensão de se promover “inteligência de educar”?

8) Há evidências de que o resultado da sociedade é fruto da educação praticada?

9) A sociedade não dá mostras de ter melhorado?

10) Quem ou o que levará os professores atuantes e em formação a recorrem a uma maior reflexão capaz de promover mudanças significativas?

11) A proposta de um novo currículo considerando as áreas imprescindíveis para a formação docente encontra viabilidade para o seu desenvolvimento considerando as atuais políticas públicas e o interesse dos governos?

12) Ao considerar tantas opções no currículo oculto a educação não se torna muito paternalista?

13) É possível a educação intervir seguramente em questões do tipo quando se descobre que uma criança possui tendências desviantes graves? Como acompanha-la no decorrer da vida escolar considerando a troca de professoras nas séries?

14) Como conquistar “sucesso educativo”?

15) É profissional “alimentar ilusões”?

16) Afirma o autor que compete aos professores: “promover a educação, motivando, simplificando, interessando, despertando curiosidade intelectual, promovendo valores, procurando vias de compreensão e transparência com os alunos”. Onde ele adquiriu tais competências?

17) O processo de evolução econômica comanda a educação?

18) As finalidades educativas e a dimensão curricular estão em consonância?



quinta-feira, 4 de abril de 2013


"Afirmo que a Verdade é uma terra sem caminho. O homem não pode atingi-la por intermédio de nenhuma organização, de nenhum credo (…) Tem de encontrá-la através do espelho do relacionamento, através da compreensão dos conteúdos da sua própria mente, através da observação. (…)".
Jiddu Krishnamurti (1895-1986)

TEXTO

ENTRE O MITO DO “BOM SELVAGEM” E O PROCESSO DA “EDUCAÇÃO RACIONAL, NA INTERLIGAÇÃO DO CURRÍCULO COM AS FINALIDADES EDUCATIVAS

Autor: Lino Moreira da Silva
Texto apresentado no II Colóquio Luso-brasileiro sobre Questões Curriculares, realizado no Rio de Janeiro em agosto de 2004 e constante do livro “Currículo, Cotidiano e Tecnologias”, Junqueira&Marin Editores, 2006.

O autor suscita algumas reflexões a partir da obra de Jiddu Krishnamurti: “Educar o educador: abandonar o idealismo no ensino”, buscando equacionar a relevância efetiva da educação segundo os pressupostos contemporâneos.

Enquanto direito de todos, e mesmo com todos os seus problemas a educação encontra-se institucionalizada no mundo todo. Todavia muitos dos problemas da humanidade ainda persistem e até se agravam (delinquência, criminalidade e terrorismo), o que leva ao questionamento de que a existência da educação é supérflua ou encontra-se mal direcionada, visto que por ela passa muito do que é determinante para a conduta humana. Neste cenário, a escolarização simples faz supor uma orientação integrada para os valores, quais sejam: os do humanismo e do humanitarismo, todos os demais deverão a estes subordinar-se.

Ao tomar como referência o texto de Krishnamurti, o autor propõe-se a analisar a atualidade do seu pensamento, considerando a construção de uma orientação educativa equilibrada com o mito do “bom selvagem” com o processo da “educação racional”.

O texto de Krishnamurti foi escrito em 1948, no contexto de um tempo de profundas angústias e incertezas do porvir. A educação neste escrito tem como tônica os seguintes questionamentos: para que serve a educação? (já que não conseguiu evitar duas grandes guerras); em que moldes a educação deve ser institucionalizada para se tornar eficaz; como fazer incidir os efeitos da educação na pessoa dos educadores; como combater a ineficácia da educação.



sexta-feira, 22 de março de 2013


Mudando concepções ...

A reflexão sobre um determinado tema impõe, necessariamente, uma mudança de concepções sobre este. Mesmo que se instalem discordâncias ou desentendimentos em alguns de seus aspectos é possível avaliar sentidos ainda não valorizados, mas que certamente estão presentes no contexto analisado e se revestem de grande importância. É, pois, natural do ser humano romper ideologias e mudar algumas de suas concepções.

 Diversas teorias têm buscado explicar, normatizar e compor as atividades educacionais que se reúnem sob o que hoje denominamos currículo. Tais correntes de pensamento, norteadoras das políticas educacionais, não se estruturam em um campo específico do conhecimento, visto que abrangem diferentes dimensões no sentido de compreender a organização da atividade escolar considerando, prioritariamente, seus aspectos epistemológicos, históricos, culturais e políticos.

A significância do currículo para além de sua composição em conhecimentos e experiências para a área de formação encontra na práxis pedagógica a forma de modificar atitudes dos diferentes sujeitos para o qual foi estabelecido.

Esta visão, muitas vezes distante da consciência, permite perceber que o acesso humano ao conhecimento não faz das pessoas melhores ou piores, mas sim capazes de modificar sua própria trajetória, rumo ao caminho que elegeram como ideal.

quarta-feira, 13 de março de 2013


Conceituar currículo, quando, onde e como?

Profª Maria de Lourdes Ribeiro

A professora da disciplina “Tendências Contemporâneas de Currículo” pediu-me que conceituasse currículo às 7 da manhã, ainda com o cérebro dormente e livre de qualquer interferência da rotina vivenciada. Pronta para compartilhar correlacionei o nome ao conjunto de conteúdos recomendados para estudo em uma determinada etapa escolar. Achei que fui clara e completa! Doce ilusão.

A proposta estendeu-se para a semana seguinte o que suscitou uma maior reflexão. Isso começou após o sono de domingo à tarde, quando percebi que o dia já estava no final do segundo turno e que deveria dar continuidade no planejamento anual com prazo de entrega esgotado, além de melhor direcionar a aula de segunda feira, já delineada no sábado (confesso que no auge dos meus 21 anos no exercício da função de professora confecciono um caderno de plano de aula diário, com objetivos, recursos, metodologia e tudo o mais que a boa e amiga Didática recomenda).

Nessas alturas, minha mesa de trabalho já continha esparramado e marcado em várias partes: o CBC de Ciências revisado na sua segunda versão (tópicos obrigatórios passaram de 40 para 30, alguns destes foram covertidos em complementares, dentre outras modificações), o Caderno de Boas Práticas de Professores de Ciências da SEE-MG, várias sugestões de planejamento e o Google à minha disposição.

Comecei a refletir que para atribuir um conceito para currículo dependia primeiro de melhor perceber o contexto em que eu me inseria, qual seja, a aula da pós-graduação fora um contexto e a escola na qual trabalho é outro, totalmente diverso.

Lembrei-me de Paulo Freire e da quão moderna é a divisão entre classes opressoras e oprimidas. Arrisco-me, pois, a afirmar que o conceito de currículo pode ser entendido como a forma com os opressores encontraram para divulgar e autorizar quais conhecimentos devem ser disponibilizados para os oprimidos admitindo-se a hipótese de sua flexibilidade e a certeza de sua total cobrança nas avaliações externas. Dessa visão, não tão motivadora, restou a analogia de que currículo é um doce trancado na vitrine. Além do acesso difícil não está disponível para qualquer paladar.

Registra-se que os opressores, necessariamente não são os professores, embora muitas vezes assumam essa função, pelo despreparo, pela falta de objetividade e desinteresse, dentre outras incontáveis razões que se arraigaram na categoria, mas principalmente aqueles que oportunizam e exigem o cumprimento dessa programação de ensino, diga-se de passagem, tão desinteressante para os alunos em muitos de seus aspectos. Nesse mundo competitivo, até que ponto importa conhecer?

Por outro lado, na figura de também oprimidos, questiona-se sobre quantos professores têm se resignado para se dedicar à árdua tarefa de fazer cumprir aquilo que, por consenso já se divulgou possível para a prática pedagógica, mas que dá sinais que nunca será desenvolvido na sua plenitude e no teor de sua proposta. Preciso quebrar a vitrine, já que o paladar pode ser treinado.