" O vento é o mesmo mas sua resposta é diferente em cada folha".
Cecília Meireles

quinta-feira, 27 de junho de 2013

A AÇÃO DOS PROFESSORES NOS CASOS DE TDAH

A palestra da Dra Rosana rendeu bons aprendizados. Entendi que:

Principalmente, em razão da evolução social, econômica e cultural das sociedades a escola vem, gradativamente, redefinindo seu papel enquanto instituição formadora, criando novos serviços e consequentemente, agregando novos profissionais ao processo educativo.
Enquanto nela permanece, o aluno recebe influências determinantes no seu processo de desenvolvimento. Embora outras instituições, como a família e a comunidade, por exemplo, sejam igualmente importantes na formação dos jovens, a escola assumiu para si, a responsabilidade pelo seu desenvolvimento integral, considerando seus múltiplos aspectos.
            Como o aluno passa na escola um período considerável de horas, é inevitável que ela esteja mais bem aparelhada para exercer sua multiplicidade de funções.
          Os problemas que se evidenciam na escola são complexos e variados, contudo, sempre convergem para um mesmo ponto, qual seja, o comprometimento do ensino e da aprendizagem, o que faz gerar altos índices de repetência e evasão.
            Por sua vez, as razões dos fracassos são também numerosas e diversificadas, o que faz compreender que a educação não pode se esgotar somente na relação professor-aluno, qual seja, no espaço restrito da sala de aula.
            Sob este aspecto, importa reconhecer a importância de todos os profissionais, sejam eles técnicos, docentes ou gestores, que compartilham o desafio de integralizar o educando para o seu desenvolvimento integral, enquanto pertencente à instituição escola.
         O ato de educar com ações interventivas, é visto atualmente, como fundamental para melhoria dos padrões educacionais e capaz de responder às demandas do desenvolvimento individual do aluno. Considerando o aspecto técnico e pedagógico desta abrangente função, cumpre verificar o papel do educador no processo de identificação e manejo dos alunos com TDAH de forma a proporcionar o seu bem-estar na escola e principalmente otimizar o seu aproveitamento escolar.
            Há necessidade de se explicar que uma criança desatenta nem sempre é hiperativa, e por sua vez, a disfunção causa grandes impactos na vida familiar, escolar e social do aluno.

            No exercício das suas funções, sabe-se que o professor deve apoiar e orientar todos os alunos. Pela natureza e complexidade do TDAH, necessário se torna identificar e encaminhar os casos para tratamento especializado, de modo a intervir satisfatoriamente no progresso escolar desses alunos, além de tornar mais fácil e bem sucedido o trabalho de toda a equipe escolar.

CURRÍCULO, CULTURA E SOCIEDADE

CURRÍCULO, CULTURA E SOCIEDADE

Antônio Flávio Moreira e Tomaz Tadeu da Silva (orgs.)

10ªed. São Paulo, Cortez, 2008


Capítulo 2 – Repensando Ideologia e Currículo
Michael W. Apple

Responder à indagação “que conhecimento vale mais?”, muito mais que uma questão educacional envolve a análise de preceitos ideológicos e políticos. Segundo Apple (2008, p. 41) “Enquanto não levarmos a sério a intensidade do envolvimento da educação com o mundo real das alternantes e desiguais relações de poder, estaremos vivendo em um mundo divorciado da realidade”.

[...] Fica bastante claro ao se notar que os ataques da direita às escolas, o clamor pela censura e as controvérsias acerca dos valores que estão e que não estão sendo ensinados, acabaram por transformar o currículo em uma espécie de bola de futebol política. [p.40]

[...] Enquanto não levarmos a sério a intensidade do envolvimento da educação com o mundo real das alternantes e desiguais relações de poder, estaremos vivendo em um mundo divorciado da realidade. As teorias diretrizes e práticas envolvidas na educação não são técnicas. São intrinsecamente éticas e políticas. [p.41]

[...] Em primeiro lugar, queria que os educadores, sobretudo aqueles com interesse específico no que acontece dentro das salas de aula, examinassem criticamente as suas próprias ideias acerca dos efeitos da educação. [...] Em segundo lugar, desejava usar determinada abordagem conceitual, empírica e política para a realização dessa tarefa. Tal abordagem deveria revelar como a educação estava vinculada de maneiras significativas à reprodução das relações sociais vigentes. [...] Finalmente, senti que era necessário transportar-me para dentro da escola e escrutinar rigorosamente o verdadeiro currículo – não só o explícito, mas também o oculto – que dominava a sala de aula [...]. Meu objetivo era sintetizar, reformular e ampliar investigações acerca do papel social de nossas teorias e práticas educacionais amplamente aceitas. [p. 44 a 45]

Capítulo 3 – A política do conhecimento oficial: faz sentido a ideia de um currículo nacional?
Michael W. Apple

A educação está intimamente ligada à política da cultura. O currículo nunca é apenas um conjunto neutro de conhecimentos, que de algum modo aparece nos textos e nas salas de aula de uma nação. Ele é sempre parte de uma tradição seletiva, resultado da seleção de alguém, da visão de algum grupo acerca do que seja conhecimento legítimo. É produto das tensões, conflitos e concessões culturais, políticas e econômicas que organizam e desorganizam um povo. [p. 59].


Capítulo 4 – Cultura popular e pedagogia crítica: a vida cotidiana como base para o conhecimento curricular
Henry A. Giroux
RogerSimon

Para Roger Simon e Henry Giroux (1994), a cultura popular representa um contraditório terreno de luta, e um importante espaço pedagógico onde são levantadas questões sobre os elementos que organizam a base da subjetividade e da experiência do aluno. Colocam ainda que, a cultura popular situada no terreno do cotidiano, quando valorizada e legitimada no currículo escolar é, em consequência disso, apropriada pelos alunos e ajuda a validar suas vozes e experiências. (p.96).

Os próprios educadores, em sua maioria, têm dificuldade em estabelecer vínculos entre os saberes universais, provenientes da racionalidade acadêmico-científica, com os saberes populares proveniente das culturas tradicionais, que a nosso ver, seria o caminho ideal a ser seguido pela educação formal. A formação desses educadores deveria garantir que houvesse um tratamento privilegiado às questões referentes aos saberes tradicionais populares, enquanto forma e conteúdo dos programas pedagógicos, para que o processo de troca e diálogo com os saberes científicos se desse de forma mais equilibrada e não hierarquizada. Portanto, além das políticas públicas no campo da educação, a formação continuada dos educadores, também deve estar voltada para as experiências produzidas no campo do saber tradicional, pois só dessa forma, será possível o alargamento da racionalidade e dos paradigmas que predominam nessas instâncias.(JOSE JEOVA XAVIER CONCEICAO - http://www.protexto.com.br/texto.php?cod_texto=2529)

Capítulo 5 - Formação cultural do professor como uma contra-esfera pública: a pedagogia radical como uma forma de política cultural
Henry A. Giroux
Peter Mc Laren

A educação abrange os processos formativos que desenvolvem-se na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais, nas organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. Portanto, a educação não deve ser privilégio e sim, um compromisso de ação social. Na verdade, seu grande problema é formar pessoas capazes de enfrentar a vida, pois seleciona incluindo alguns e excluindo a maioria.( Michelotti et al, A formação do professor e sua prática pedagógica).

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Protótipos Curriculares de Ensino Médio e de Ensino Médio Intergrado

Por José Antonio Küller*
Disponível em: http://www.senac.br/BTS/373/artigo5.pdf

Apesar dos maus resultados, o Ensino Médio não muda. Quatro forças garantem sua estabilidade há décadas: o currículo fragmentado, a facilidade administrativa, a formação dos professores e o pensamento pedagógico dominante. A Unesco desenvolveu protótipos curriculares de Ensino Médio para apoiar a mudança necessária. Eles definem objetivos, princípios educativos e mecanismos de integração curricular: núcleo de educação para o trabalho, projetos anuais, áreas de conhecimento, dimensões articuladoras. A integração do currículo pode mudar o Ensino Médio. Os protótipos enfraquecem uma das outras forças conservadoras, iniciam o desgaste das outras forças e fazem girar a roda da mudança.

"O número quatro feito coisa
ou a coisa pelo quatro quadrada,
seja espaço, quadrúpede, mesa,
está racional em suas patas;
está plantada, à margem e acima
de tudo o que tentar abalá-la,
[...]
mas a roda, criatura do tempo,
é uma coisa em quatro, desgastada."
(MELO NETO, 1976, p. 54)

Por definição, um protótipo é a primeira versão de uma inovação em processo de criação. O protótipo é utilizado em produtos em que é importante a participação dos usuários para sua finalização.
É, assim, uma obra propositadamente aberta e quase sempre inacabada. Entendendo currículo
como o conjunto de ações desenvolvidas pela escola no sentido de proporcionar oportunidades
para a aprendizagem, os protótipos buscavam criar ossaturas curriculares que permitissem e
facilitassem, no interior de escolas e sistemas estaduais de ensino, a criatividade de administradores,
técnicos, professores e alunos (usuários) na definição dessas oportunidades de aprendizagem.
Como consequência desejável, os protótipos devem facilitar a concepção de uma multiplicidade de projetos pedagógicos e currículos de Ensino Médio que atendam às necessidades da juventude e da sociedade brasileira neste início de milênio.

RESENHA SOCIOLOGIA E TEORIA CRÍTICA DO CURRÍCULO: UMA INTRODUÇÃO


Autor: Antonio Flávio Barbosa Moreira e Tomaz Tadeu da Silva

Ideias principais:
Este texto é dividido em dois temas:
  -  Emergência e desenvolvimento da sociologia e da teoria crítica do currículo.
  -  Uma visão sintética dosa temas centrais da análise crítica e sociológica do currículo.

Resumo do capítulo:
Os autores objetivam demonstrar uma visão sobre a tradição crítica e sociológica do currículo com uma breve incursão na sua história, gênese e desenvolvimento. No segundo momento, apresentam uma visão sintética do campo de análise crítica e sociológica do currículo nos tempos atuais.
Em sua trajetória histórica Moreira e Silva apontam que o campo de estudos da Teoria Crítica do Currículo originou-se nos Estados Unidos e desenvolveu-se na Inglaterra, elegendo-se aí como foco central da Sociologia da Educação.
Foi durante o final do século XIX nos Estados Unidos que educadores começaram a tratar mais sistematicamente de problemas e questões curriculares dando o surgimento de um novo campo. Devido a essa necessidade gerou o planejamento cientifico das atividades pedagógicas a fim de evitar que o comportamento e o pensamento do aluno se desviassem das metas e padrões pré-definidos. Neste período os Estados Unidos estava passando pelo período pós-guerra civil, a economia passou a ser denominada pelo capital industrial. Surgindo uma nova concepção de sociedade baseada em práticas e valores de ideologia que era a cooperação e especialização ao invés de competição. O sucesso na vida profissional passou a requerer evidências de méritos na trajetória escolar.
Segundo apontamentos dos autores podem ser observadas duas tendências voltadas à elaboração de um currículo: uma que valorizava os interesses do aluno, representada pelos trabalhos de Dewey e Kilpatrick que aqui no Brasil ficou conhecida como escolanovismo e a segunda voltada para a construção científica de um currículo que desenvolvesse os aspectos da personalidade adulta, o que que aqui se denominou tecnicismo. Durante a crise espacial, gerou na sociedade americana uma contracultura que enfatizava a liberdade sexual, uso de drogas, etc. As escolas foram alvos de críticas onde falavam em transformá-la e democratizá-la ou então aboli-la e substituí-la por outro tipo de instituição.
Na conferência de 1973, na Universidade de Rochester, com a intenção de identificar e ajudar a eliminar os aspectos que contribuíram para restringir a liberdade dos indivíduos surgiram duas correntes: Uma associada às Universidades de Wisconsin e Columbia, mais fundamentada no neomarxismo e na teoria crítica. A outra associada à tradição humanista e hermenêutica mais presente na Universidade de Ohio.
No período de 1950-1980, novos rumos teóricos e metedológicos transformaram a feição do ensino e da pesquisa da Sociologia na Grã Bretanha, uma Sociologia renovada.
Tanto os primeiros textos da NSE como seus desdobramentos permanecem até hoje insuficientemente divulgados no Brasil .
No segundo tema: Uma visão dos temas centrais da análise crítica e sociológica do currículo vem afirmar que não é mais possível alegar inocência ao papel do conhecimento organizado e transmitido nas instituições educacionais.
O currículo está envolto de três eixos: ideologia, cultura e poder.
Currículo e ideologia
A ideologia era vista como uma imposição. Essa visão amplia-se em três dimensões: A primeira, a ideologia não teria efeito se não contasse com alguma forma de consentimento dos envolvidos. A segunda, a ideologia não é homogênea e coerente de ideias, é feita de diferentes espécies de conhecimentos. A terceira dimensão, nesse processo de refinamento do conceito, os mecanismos de transmissão foram sendo vistos como muito sutis.
Currículo e cultura
Na teoria educacional tradicional cultura e currículo formam um par inseparável, formando uma forma institucionalizada de transmitir a cultura de uma sociedade.
O currículo e a educação estão profundamente envolvidos em uma política cultural, o que significa que são campos de produção ativa de cultura .
Portanto, o currículo é um terreno de produção e de política cultural no qual os materiais funcionam com matéria-prima de criação, recriação e de contestação e transgressão.
Cultura e poder
O currículo ao expressar as relações de poder, no seu aspecto oficial, constitui identidades individuais e sociais que ajudam a reforçar as relações de poder existentes fazendo com que os grupos subjugados continuem da mesma forma. Cabe a teorização curricular crítica em um esforço contínuo de identificação e análise das relações de poder envolvidas na educação e no currículo.
O currículo como um campo cultural, um campo de construção e produção de significados e sentidos das relações de poder.
Um conceito que também merece destaque é o conceito do currículo oculto. O currículo oculto foi criado para se referir àqueles aspectos das experiências educacionais não explicados no currículo oficial, formal.
As relações entre currículo e produção de identidades sociais e individuais têm levado os educadores a formular projetos educacionais e curriculares que se contraponham às características que fazem com que o currículo e a escola reforcem as desigualdades da presente estrutura social.
Nesse contexto tem havido uma tendência a vincular currículo e construção da cidadania e do cidadão.
Enfim, tem havido modificações nas formas de conceber o conhecimento e a linguagem com profundas implicações para a teorização sobre o currículo.
A teorização crítica sobre currículo, da qual a sociologia do currículo é um importante elemento é um processo contínuo de análise e reformulação que está apenas começando.
Comentários:
O texto mostra um relevante retrospecto sobre currículo e a preocupação em construir sua teorização de forma crítica. Os autores constroem uma trajetória história deveras detalhada buscando relacionar a construção do currículo aos fatos sociais relevantes. É também evidente que as construções teóricas sobre o assunto tendem a se detalhar conforme o interesse de alguns grupos  tendendo a se constituir em elementos para sua pormenorização.
Segue a sugestão de que o material é relevante para educadores e demais pesquisadores da educação que desejem aprofundar-se nas teorias sobre currículo.

sábado, 1 de junho de 2013

“Todo el sistema educativo y de capacitación
profesional es un filtro elaborado que necesita
descartar a la gente que es demasiado independiente y
que piensa por sí misma, que no sabe ser sumisa y así
sucesivamente, porque son disfuncionales para las
instituciones.”
Noam Chomsky