" O vento é o mesmo mas sua resposta é diferente em cada folha".
Cecília Meireles

quarta-feira, 5 de junho de 2013

RESENHA SOCIOLOGIA E TEORIA CRÍTICA DO CURRÍCULO: UMA INTRODUÇÃO


Autor: Antonio Flávio Barbosa Moreira e Tomaz Tadeu da Silva

Ideias principais:
Este texto é dividido em dois temas:
  -  Emergência e desenvolvimento da sociologia e da teoria crítica do currículo.
  -  Uma visão sintética dosa temas centrais da análise crítica e sociológica do currículo.

Resumo do capítulo:
Os autores objetivam demonstrar uma visão sobre a tradição crítica e sociológica do currículo com uma breve incursão na sua história, gênese e desenvolvimento. No segundo momento, apresentam uma visão sintética do campo de análise crítica e sociológica do currículo nos tempos atuais.
Em sua trajetória histórica Moreira e Silva apontam que o campo de estudos da Teoria Crítica do Currículo originou-se nos Estados Unidos e desenvolveu-se na Inglaterra, elegendo-se aí como foco central da Sociologia da Educação.
Foi durante o final do século XIX nos Estados Unidos que educadores começaram a tratar mais sistematicamente de problemas e questões curriculares dando o surgimento de um novo campo. Devido a essa necessidade gerou o planejamento cientifico das atividades pedagógicas a fim de evitar que o comportamento e o pensamento do aluno se desviassem das metas e padrões pré-definidos. Neste período os Estados Unidos estava passando pelo período pós-guerra civil, a economia passou a ser denominada pelo capital industrial. Surgindo uma nova concepção de sociedade baseada em práticas e valores de ideologia que era a cooperação e especialização ao invés de competição. O sucesso na vida profissional passou a requerer evidências de méritos na trajetória escolar.
Segundo apontamentos dos autores podem ser observadas duas tendências voltadas à elaboração de um currículo: uma que valorizava os interesses do aluno, representada pelos trabalhos de Dewey e Kilpatrick que aqui no Brasil ficou conhecida como escolanovismo e a segunda voltada para a construção científica de um currículo que desenvolvesse os aspectos da personalidade adulta, o que que aqui se denominou tecnicismo. Durante a crise espacial, gerou na sociedade americana uma contracultura que enfatizava a liberdade sexual, uso de drogas, etc. As escolas foram alvos de críticas onde falavam em transformá-la e democratizá-la ou então aboli-la e substituí-la por outro tipo de instituição.
Na conferência de 1973, na Universidade de Rochester, com a intenção de identificar e ajudar a eliminar os aspectos que contribuíram para restringir a liberdade dos indivíduos surgiram duas correntes: Uma associada às Universidades de Wisconsin e Columbia, mais fundamentada no neomarxismo e na teoria crítica. A outra associada à tradição humanista e hermenêutica mais presente na Universidade de Ohio.
No período de 1950-1980, novos rumos teóricos e metedológicos transformaram a feição do ensino e da pesquisa da Sociologia na Grã Bretanha, uma Sociologia renovada.
Tanto os primeiros textos da NSE como seus desdobramentos permanecem até hoje insuficientemente divulgados no Brasil .
No segundo tema: Uma visão dos temas centrais da análise crítica e sociológica do currículo vem afirmar que não é mais possível alegar inocência ao papel do conhecimento organizado e transmitido nas instituições educacionais.
O currículo está envolto de três eixos: ideologia, cultura e poder.
Currículo e ideologia
A ideologia era vista como uma imposição. Essa visão amplia-se em três dimensões: A primeira, a ideologia não teria efeito se não contasse com alguma forma de consentimento dos envolvidos. A segunda, a ideologia não é homogênea e coerente de ideias, é feita de diferentes espécies de conhecimentos. A terceira dimensão, nesse processo de refinamento do conceito, os mecanismos de transmissão foram sendo vistos como muito sutis.
Currículo e cultura
Na teoria educacional tradicional cultura e currículo formam um par inseparável, formando uma forma institucionalizada de transmitir a cultura de uma sociedade.
O currículo e a educação estão profundamente envolvidos em uma política cultural, o que significa que são campos de produção ativa de cultura .
Portanto, o currículo é um terreno de produção e de política cultural no qual os materiais funcionam com matéria-prima de criação, recriação e de contestação e transgressão.
Cultura e poder
O currículo ao expressar as relações de poder, no seu aspecto oficial, constitui identidades individuais e sociais que ajudam a reforçar as relações de poder existentes fazendo com que os grupos subjugados continuem da mesma forma. Cabe a teorização curricular crítica em um esforço contínuo de identificação e análise das relações de poder envolvidas na educação e no currículo.
O currículo como um campo cultural, um campo de construção e produção de significados e sentidos das relações de poder.
Um conceito que também merece destaque é o conceito do currículo oculto. O currículo oculto foi criado para se referir àqueles aspectos das experiências educacionais não explicados no currículo oficial, formal.
As relações entre currículo e produção de identidades sociais e individuais têm levado os educadores a formular projetos educacionais e curriculares que se contraponham às características que fazem com que o currículo e a escola reforcem as desigualdades da presente estrutura social.
Nesse contexto tem havido uma tendência a vincular currículo e construção da cidadania e do cidadão.
Enfim, tem havido modificações nas formas de conceber o conhecimento e a linguagem com profundas implicações para a teorização sobre o currículo.
A teorização crítica sobre currículo, da qual a sociologia do currículo é um importante elemento é um processo contínuo de análise e reformulação que está apenas começando.
Comentários:
O texto mostra um relevante retrospecto sobre currículo e a preocupação em construir sua teorização de forma crítica. Os autores constroem uma trajetória história deveras detalhada buscando relacionar a construção do currículo aos fatos sociais relevantes. É também evidente que as construções teóricas sobre o assunto tendem a se detalhar conforme o interesse de alguns grupos  tendendo a se constituir em elementos para sua pormenorização.
Segue a sugestão de que o material é relevante para educadores e demais pesquisadores da educação que desejem aprofundar-se nas teorias sobre currículo.

2 comentários:

  1. Maravilha Lurdes. De fato o seu texto é bem completo o que mostra seu compromisso com a matéria.
    Há inúmeras pontos interessantes para serem discutidos a partir deste capítulo e do texto (entrevista) com Willian Pinar, que também é citado no texto lido recentemente.
    Parabéns.

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  2. O texto de Lurdes, como disse Dessano, elucida bem o original e lhe dá consistência. Um ótimo exercício de releitura.

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