" O vento é o mesmo mas sua resposta é diferente em cada folha".
Cecília Meireles

sexta-feira, 24 de maio de 2013

A ESCOLA DA VIDA : currículo e trabalho


Aprendemos que todo ser vivo passa pelo ciclo vital: nasce, cresce, reproduz, envelhece e morre. Não necessariamente cumprindo todas as etapas. Há alguns que logo que nascem já morrem. Mas excluindo as peças do destino, esse mágico sistema de vida única se agrega a outros indivíduos que, por coerência da espécie, percorrem a mesma trajetória.

É aí que muitas vezes nos encontramos em uma determinada fase. Na família e na escola a convivência é mais estreita, passamos juntos mais etapas da vida. É, pois necessário que existam regras para conduzir esses percursos. As regras de casa governam determinada família e não podem ser muito destoantes das demais famílias, caso contrário os sujeitos não convivem harmoniosamente entre si. É claro que a harmonia tem que ser objetivada, caso contrário não seremos felizes. Somos então educados para ser felizes. E a felicidade inclui caráter, valores, bem estar, barriga cheia e TRABALHO.

As regras da escola estão no currículo de ontem, no de hoje e no amanhã. Não quero pois questionar as entrelinhas da proposta curricular, mas resguardar a importância desta como regra de convivência que enaltece pontos importantes de uma cultura, em um determinado momento. Dessa forma, não há um currículo bom e um currículo ruim, mas sim aplicações de propostas com maiores chances de sucesso ou fracasso, considerando o seu tempo.

A proposta é curricular não se distancia das regras de casa se comprometer-se com a felicidade dos indivíduos. Certamente é possível ser feliz na trajetória acadêmica, formar-se como um cidadão de bem, conquistar um trabalho digno que estruture o indivíduo para educar a sua família que nasce, cresce, reproduz, envelhece e morre...

No mais, como diz o poeta, e que seja algum dia um poeta: “LEK, LEK, LEK, LEK...”

domingo, 19 de maio de 2013

FICHAMENTO - Pensamento e política curricular: entrevista com William Pinar

Tipo:
Entrevista
Assunto / Tema:
Teoria do Currículo
Referência:
LOPES, Alice C; MACEDO, Elizabeth. Pensamento e política curricular: entrevista com William Pinar. In: Políticas de currículo em múltiplos contextos. São Paulo, Cortez, 2006.
Resumo:
Alice Casimiro Lopes, e Elizabeth Macedo, professoras e pesquisadoras na área de currículo da UFRJ, são organizadoras da entrevista com William Pinar, professor e pesquisador em currículo da University of British Columbia (UBC), no Canadá. O especialista em currículo dirige o Centre for the Study of the Internationalization of Curriculum Studies, na mesma instituição.
Na entrevista, Pinar relata o quanto estudar a história do currículo ajuda a perceber a história vivida pela humanidade que está sempre permeando o presente. Dentro da lógica da vivência passada é sempre necessário pesquisar as dimensões do currículo em sua complexidade, bem como as biografias dos profissionais que estão envolvidos na sua execução para que seja possível compreender as relações que se apresentam.
A entrevista com Pinar apresenta questões provocativas que levam o pesquisador a dizer sobre o processo de de elaboração das formas curriculares, trazendo para a pauta de discussão a dispersão cultural presente nas políticas educativas atuais, que têm demonstrado uma nova forma de "identidades políticas" que, mesmo vinculadas a um aparelho de Estado autoritário e ao mercado, como suas intensas medidas de (re)centralização, têm buscado responder aos propósitos específicos e locais.
Entre outras questões, a entrevista também revela os pensamentos do autor em relação às questões de gênero, de multiculturalismo e de ação ecológica, assim como as relações entre currículo, indivíduo, sociedade e história.
Citações:
[...] eu devo pensar que o estudo das teorias brasileiras de currículo é muito importante para estudantes de educação do Brasil. (p. 13).

[...] estudar teoria de currículo, é importante na medida em que oferece aos professores de escolas públicas, a compreensão dos diversos mundos em que habitamos e, especialmente a retórica política que cerca as propostas educacionais e os conteúdos curriculares. (p. 14).

Os professores de escolas (norte americanas) têm dificuldades em resistir a modismos educacionais passageiros, porque, em parte não lembram das teorias e da história do currículo, porque muito frequentemente não as estudaram. (p. 14).

 [...] Os estudos do currículo são, atualmente, o único ponto de interdisciplinaridade em ambiente escolar e de ensino, ... (p. 25).

 [...] a teoria do currículo é um campo complexo de pesquisa acadêmica dentro do amplo campo da educação, que busca entender o currículo por meio das disciplinas acadêmicas. (p. 26).

 [...] a teoria do currículo tem como objetivo a compreensão global das implicações educacionais do currículo, principalmente, temas interdisciplinares, tais como gênero, multiculturalismo ou crise ecológica, assim como as relações entre currículo, indivíduo, sociedade e história. (p. 26).

 [...] não se pode compreender as complexas relações entre subjetividade e aprendizagem, ensino e currículo sem uma séria e fundamentada atenção à teoria psicanalítica.(p. 30).

 [...] a teoria do currículo é, então, descobrir e articular, para si mesma e para os outros, o significado educacional das disciplinas escolares, num momento histórico em constante transformação.(p. 31).

Considerações da pesquisadora:
A entrevista com Pinar é bastante oportuna para a compreensão de que os estudos sobre currículo e sua aparente inconsistência de resposta não é uma questão que aflige apenas o contexto cultural brasileiro, mas pelo contrário, o Brasil tem sido campo de estudo em outros países, também no tocante à área educacional.
É também evidente o quanto as questões culturais, políticas e históricas são importantes e estão intrínsecas para a execução das práticas curriculares, fato este que traduz a compreensão que as propostas sempre trazem precedentes. O entrevistado focaliza este fato em diversas passagens históricas dos Estados Unidos o que nos remete a uma releitura para o caso brasileiro.

Indicação da obra:
Políticas de currículo em múltiplos contextos. São Paulo, Cortez, 2006.

IDEIAS FREIREANAS


Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa


Resenha
Referência
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo : Paz e Terra, 2002.
Resumo
Na obra de Paulo Freire - Pedagogia da Autonomia, a prática pedagógica torna-se eminentemente importante, pois, contribui para que o educador deixe a cômoda posição de “ensinagem” para um oposto de atuação traduzido no processo de realizar, criando possibilidades para a construção do conhecimento.
Freire destaca a interação entre aprender e ensinar, mostrando que quando um sujeito ensina, também aprende e vice-versa. Não sendo, portanto, duas atividades separadas e sim conectadas.
O ser humano é perfeitamente capaz de ir além de seus condicionantes, e deve fazê-lo.
O educador deve constantemente despertar no educando a curiosidade e sua insubmissão, para que este aprenda criticamente. Pois o saber não deve ser simplesmente transferido. Sendo importante para que o educando vá se transformando em sujeito da construção e reconstrução do saber ensinado. O educador deve, portanto, não apenas ensinar o conteúdo, mas acima de tudo ensinar a pensar certo. O mais importante não é a quantidade de conhecimento e sim a qualidade. Pensar certo exige reflexão.
O autor diz que ensino e pesquisa estão interligados. E o educador deve transferir aos alunos os conteúdos e quando estes são apreendidos, operam por si mesmos. Ensinar exige uma superação e não uma ruptura, uma certa curiosidade; pois sem esta não haveria criatividade. Sendo assim, os educadores devem despertar ou instigar a curiosidade do educando. O professor deve manter na sua argumentação certa segurança. Deve aceitar o novo e saber preservar o velho que encarna uma tradição ou marca uma presença no tempo. Produzir nos alunos um diálogo constante e uma reflexão crítica sobre a prática. O educando deve fazer e pensar sobre o que está fazendo. Freire ainda afirma que, tomar consciência do que está fazendo, ajuda a tornar-se um ser pensante, crítico e transformador. É importante sempre questionar.
Freire alerta para o fato de que o professor ao estar em uma sala de aula deve estar atento ao fato de que esta ali para ensinar e não somente transferir conhecimento. Este é um fato que não apenas deve ser apreendido pelo professor e pelo educando, mas também deve ser vivido por eles.
Um professor crítico é uma ser aberto ao conhecimento e as inovações, consciente de seu inacabamento, pois segundo o autor, onde há vida há inacabamento. E que tomando conhecimento sabem que as barreiras não se eternizam. Este sujeito estará em um permanente processo social de busca. A curiosidade torna-se neste caso um fato que gera e abre caminhos para o saber. Já a memorização acaba castrando a liberdade do educando de aventurar-se por si próprio. É importante lembrar que homens e mulheres se tornaram educáveis por que primeiramente tiveram a consciência se seu inacabamento, e isso os fez irem busca de sua educabilidade.
O autor também discute sobre autoridade e autoritarismo, licença e liberdade.  O professor assim como o aluno deve conhecer as diferenças entres essas ações. A responsabilidade do professor é extremamente grande, nenhum deles passa sem deixar marca no aluno, deve aprender a respeitar a autonomia, a dignidade e a identidade do educando. O professor tem que gostar do que faz e acreditar que junto com os alunos podem aprender, ensinar, instigar a busca e superar os obstáculos.
Necessário ainda repensar sobre o fato de que não se faz necessário estar a todo instante estar falando sobre a autoridade, pois ela por si só se faz presente. Um professor competente exerce sem grandes esforços a autoridade e recebe o respeito dos alunos. A autoridade não está no fato dos alunos permanecerem quietos, não está nos silenciados, mas sim na dúvida que instiga. É sempre possível saber o que ainda não sabe quanto saber melhor aquilo que já sabe.  Mas não pode ensinar aquilo que não sabe. O professor deve ser aquilo que diz. Deve tomar uma posição.
O educador deve saber escutar e não apenas falar. Nessa obra, portanto autor diz que escutar é mais que uma habilidade auditiva, é escutar com abertura à fala, ao gesto do outro. Muitas vezes o professor sem agressão pode sim, agredir o aluno, de maneira até mais forte e permanente. Na relação com o outro que não fez as mesmas escolhas, não se deve impor sua opinião. Viver uma abertura respeitosa ao outro.
Paulo Freire conclui que o educador não deve instigar os sonhos impossíveis, e tampouco deve negar aos que sonham o direito de sonhar. E que a arrogância intelectual não se faz necessário no educador. Ele acredita que é necessário que o professor perceba seu inacabamento para assim tornar-se um sujeito consciente de suas atitudes.

Comentários
Esta obra pode ser perfeitamente lida e relida pelos profissionais da área de licenciatura e seus educando ou qualquer um que queira saber um pouco mais sobre autonomia.
O autor aborda temas importantes e muitas vezes esquecidos pelos que estão na sala de aula. Apesar do livro quase parecer uma crítica ao professor, o autor reconhece as dificuldades do educador e as aborda em diferentes ocasiões. Tomado de um discurso regado a buscar a consciência do educador e do educando ele nos leva a percorrer as linhas de sua obra com certa firmeza no que escreve.
O discurso do autor traz o entendimento de que formar um(a) aluno(a) é muito mais que treinar e depositar conhecimentos simplesmente e, ainda que, para formação, necessitamos de ética e coerência que precisam estar vivas e presentes em nossa prática educativa, pois esta faz parte de nossa responsabilidade como agentes pedagógicos. Ele fala da esperança e do otimismo necessários para mudanças e da necessidade de nunca se acomodar, pois "somos seres condicionados, mas não determinados".