" O vento é o mesmo mas sua resposta é diferente em cada folha".
Cecília Meireles

quinta-feira, 18 de abril de 2013

LIGANDO ALGUMAS DAS PONTAS... se é que isso seja possível!


Começo por onde? Pelos piruás ou pelas pipocas?

Desde que o milho é milho os grãos desabrocham ou não. Na escola também é assim. Mais quem se importa com o milho se quem está em evidência é o tomate? Teve a vez do feijão, do petróleo, do café e até do morango. Qualquer coisa do mundo globalizado e baleado pela globalização tem mais vez que o milho.

Nunca ouvi falar da crise do milho, que as lavouras receberam investimento e que o agricultor foi valorizado. Aliás, o agricultor - aquele que cultiva o produto, que põe na terra a semente e zela diariamente pelo seu crescimento – nunca foi valorizado no processo produtivo.

Cultura interessante essa nossa, já que quem promove condições para a germinação da semente para matar a fome do povo está sempre só e desprotegido, sem o devido cuidado da mesma população que outrora já matou a fome.

Por hora, cuidemos do milho. Cuidemos da lavoura. Cuidemos do agricultor. Senão, tudo vira piruá muito cedo.

Sermão da Montanha ( *versão para professores)



Naquele tempo, Jesus subiu a um monte seguido pela multidão e, sentado sobre uma grande pedra, deixou que os seus discípulos e seguidores se aproximassem.

...Ele os preparava para serem os educadores capazes de transmitir a lição da Boa Nova a todos os homens.

Tomando a palavra, disse-lhes:

- Em verdade, em verdade vos digo:

- Felizes os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.

- Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.

- Felizes os misericordiosos, porque eles...?

Pedro o interrompeu:

- Mestre, vamos ter que saber isso de cor?

André perguntou:

- É pra copiar?

Filipe lamentou-se:

- Esqueci meu papiro!

Bartolomeu quis saber:

- Vai cair na prova?

João levantou a mão:

- Posso ir ao banheiro?

Judas Iscariotes resmungou:

- O que é que a gente vai ganhar com isso?

Judas Tadeu defendeu-se:

- Foi o outro Judas que perguntou!

Tomé questionou:

- Tem uma fórmula pra provar que isso tá certo?

Tiago Maior indagou:

- Vai valer nota?

Tiago Menor reclamou:

- Não ouvi nada, com esse grandão na minha frente.

Simão Zelote gritou, nervoso:

- Mas porque é que não dá logo a resposta e pronto!?

Mateus queixou-se:

- Eu não entendi nada, ninguém entendeu nada!

Um dos fariseus, que nunca tinha estado diante de uma multidão nem ensinado nada a ninguém, tomou a palavra e dirigiu-se a Jesus, dizendo:

- Isso que o senhor está fazendo é uma aula?

- Onde está o seu plano de curso e a avaliação diagnóstica?

- Quais são os objetivos gerais e específicos?

- Quais são as suas estratégias para recuperação dos conhecimentos prévios?

Caifás emendou:

- Fez uma programação que inclua os temas transversais e atividades integradoras com outras disciplinas?

- E os espaços para incluir os parâmetros curriculares gerais?

- Elaborou os conteúdos conceituais, processuais e atitudinais?

Pilatos, sentado lá no fundão, disse a Jesus:

- Quero ver as avaliações da primeira, segunda e terceira etapas e reservo-me o direito de, ao final, aumentar as notas dos seus discípulos para que se cumpram as promessas do Imperador de um ensino de qualidade.

- Nem pensar em números e estatísticas que coloquem em dúvida a eficácia do nosso projeto- E vê lá se não vai reprovar alguém!

E, foi nesse momento que Jesus disse: "Senhor, por que me abandonastes..."

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Contextualizando a aula de 05/04

A polissemia do currículo apresentada por Sidney Macedo e bem exposta pelas colegas Rosana e Glenia é mais uma característica a ser repensada sobre na matéria de TCC. Vimos que ao contrastar o referencial com a história de vida da escritora nigeriana, o mundo deve ser apresentado sob diferentes visões para que a formação das pessoas tenha referenciais diferenciados para se estabelecer.

Por Dessano, Lourdes e Pollyanna

Assim que assistimos ao vídeo de Chimamanda Adichie (O perigo de uma história única) começamos a nos perguntar sobre o que de fato levamos à sala de aula.

Levamos pensamentos únicos sobre o assunto? Ideias prontas? Ou apresentamos mais de uma versão do fato a ser estudado?

Instigamos nossos alunos? Ou simplesmente repassamos informações?

A palestra de Chimamanda traz um entendimento que desde crianças estamos vulneráveis a compreender uma história sob a ótica do narrador. Seja ela positiva ou negativa. Portanto, podemos perceber que, quando temos mais de uma versão sobre a mesma história, construímos pensamentos sobre ela e não apenas absorvemos a primeira impressão.

Então, quando nos deparamos com a epígrafe de Santo Agostinho:

“Não vês que somos viajantes? E tu me perguntas: que é viajar? Eu respondo com uma palavra: é avançar! Experimentais isto em ti. Que nunca te satisfaças com aquilo que és, para que sejas um dia aquilo que ainda não és. Avança sempre! Não fiques parado no caminho”

percebemos que devemos nunca nos satisfazer com primeiras versões sobre o que aprendemos, visto que o conhecimento tem diferentes pontos de vista e formas de aprendizado. Sendo assim, devemos avançar sempre em busca de novos conhecimentos, para levar diferentes visões àqueles que estão sob nossa responsabilidade de educar.

Com o texto de Lino Moreira da Silva, entendemos que é indispensável o aprimoramento da educação do educador para formar alunos interventivos capazes de fazer com que a sociedade evolua. E essa formação somente ocorrerá se estivermos dispostos a experimentar avançar na busca do conhecimento de maneira audaciosa, frequente e não ficarmos rotinados, fixados, pois se permanecermos dessa forma, não assumiremos nosso verdadeiro papel de educador. Por isso, devemos instigar nossos alunos a pensar, provocar dúvidas, questiona-los. Para isso é necessário que saibamos diferentes verões sobre o assunto que queremos desenvolver, permitindo que nossos alunos estejam empoderados no mundo contemporâneo. “Poder é a habilidade de não só contar a história de uma outra pessoa, mas de faze-la a história definitiva daquela pessoa.” (Chimamanda Adichie)

Só para provocar....

Alguns questionamentos resultantes da leitura do texto:

1) Tomando como base o rumo tomado pelo humanidade, a educação é, em grande parte supérflua ou mal direcionada?

2) A boa educação não continua direcionada aos grupos elitizados?

3) As propostas contemporâneas não estão a sobrepor o currículo oculto sobre as demais áreas do conhecimento, como se isso bastasse no processo educativo?

4) Os valores estão subordinados a que ideais?

5) A educação agrega exatamente quais vantagens para o mundo evoluir?

6) O perfil profissional estreito e intolerante que encara o ato de ensinar como “ganha pão” é tendência da maioria? Poderia ser diferente?

7) Qual a dimensão de se promover “inteligência de educar”?

8) Há evidências de que o resultado da sociedade é fruto da educação praticada?

9) A sociedade não dá mostras de ter melhorado?

10) Quem ou o que levará os professores atuantes e em formação a recorrem a uma maior reflexão capaz de promover mudanças significativas?

11) A proposta de um novo currículo considerando as áreas imprescindíveis para a formação docente encontra viabilidade para o seu desenvolvimento considerando as atuais políticas públicas e o interesse dos governos?

12) Ao considerar tantas opções no currículo oculto a educação não se torna muito paternalista?

13) É possível a educação intervir seguramente em questões do tipo quando se descobre que uma criança possui tendências desviantes graves? Como acompanha-la no decorrer da vida escolar considerando a troca de professoras nas séries?

14) Como conquistar “sucesso educativo”?

15) É profissional “alimentar ilusões”?

16) Afirma o autor que compete aos professores: “promover a educação, motivando, simplificando, interessando, despertando curiosidade intelectual, promovendo valores, procurando vias de compreensão e transparência com os alunos”. Onde ele adquiriu tais competências?

17) O processo de evolução econômica comanda a educação?

18) As finalidades educativas e a dimensão curricular estão em consonância?



quinta-feira, 4 de abril de 2013


"Afirmo que a Verdade é uma terra sem caminho. O homem não pode atingi-la por intermédio de nenhuma organização, de nenhum credo (…) Tem de encontrá-la através do espelho do relacionamento, através da compreensão dos conteúdos da sua própria mente, através da observação. (…)".
Jiddu Krishnamurti (1895-1986)

TEXTO

ENTRE O MITO DO “BOM SELVAGEM” E O PROCESSO DA “EDUCAÇÃO RACIONAL, NA INTERLIGAÇÃO DO CURRÍCULO COM AS FINALIDADES EDUCATIVAS

Autor: Lino Moreira da Silva
Texto apresentado no II Colóquio Luso-brasileiro sobre Questões Curriculares, realizado no Rio de Janeiro em agosto de 2004 e constante do livro “Currículo, Cotidiano e Tecnologias”, Junqueira&Marin Editores, 2006.

O autor suscita algumas reflexões a partir da obra de Jiddu Krishnamurti: “Educar o educador: abandonar o idealismo no ensino”, buscando equacionar a relevância efetiva da educação segundo os pressupostos contemporâneos.

Enquanto direito de todos, e mesmo com todos os seus problemas a educação encontra-se institucionalizada no mundo todo. Todavia muitos dos problemas da humanidade ainda persistem e até se agravam (delinquência, criminalidade e terrorismo), o que leva ao questionamento de que a existência da educação é supérflua ou encontra-se mal direcionada, visto que por ela passa muito do que é determinante para a conduta humana. Neste cenário, a escolarização simples faz supor uma orientação integrada para os valores, quais sejam: os do humanismo e do humanitarismo, todos os demais deverão a estes subordinar-se.

Ao tomar como referência o texto de Krishnamurti, o autor propõe-se a analisar a atualidade do seu pensamento, considerando a construção de uma orientação educativa equilibrada com o mito do “bom selvagem” com o processo da “educação racional”.

O texto de Krishnamurti foi escrito em 1948, no contexto de um tempo de profundas angústias e incertezas do porvir. A educação neste escrito tem como tônica os seguintes questionamentos: para que serve a educação? (já que não conseguiu evitar duas grandes guerras); em que moldes a educação deve ser institucionalizada para se tornar eficaz; como fazer incidir os efeitos da educação na pessoa dos educadores; como combater a ineficácia da educação.