" O vento é o mesmo mas sua resposta é diferente em cada folha".
Cecília Meireles

quinta-feira, 27 de junho de 2013

CURRÍCULO, CULTURA E SOCIEDADE

CURRÍCULO, CULTURA E SOCIEDADE

Antônio Flávio Moreira e Tomaz Tadeu da Silva (orgs.)

10ªed. São Paulo, Cortez, 2008


Capítulo 2 – Repensando Ideologia e Currículo
Michael W. Apple

Responder à indagação “que conhecimento vale mais?”, muito mais que uma questão educacional envolve a análise de preceitos ideológicos e políticos. Segundo Apple (2008, p. 41) “Enquanto não levarmos a sério a intensidade do envolvimento da educação com o mundo real das alternantes e desiguais relações de poder, estaremos vivendo em um mundo divorciado da realidade”.

[...] Fica bastante claro ao se notar que os ataques da direita às escolas, o clamor pela censura e as controvérsias acerca dos valores que estão e que não estão sendo ensinados, acabaram por transformar o currículo em uma espécie de bola de futebol política. [p.40]

[...] Enquanto não levarmos a sério a intensidade do envolvimento da educação com o mundo real das alternantes e desiguais relações de poder, estaremos vivendo em um mundo divorciado da realidade. As teorias diretrizes e práticas envolvidas na educação não são técnicas. São intrinsecamente éticas e políticas. [p.41]

[...] Em primeiro lugar, queria que os educadores, sobretudo aqueles com interesse específico no que acontece dentro das salas de aula, examinassem criticamente as suas próprias ideias acerca dos efeitos da educação. [...] Em segundo lugar, desejava usar determinada abordagem conceitual, empírica e política para a realização dessa tarefa. Tal abordagem deveria revelar como a educação estava vinculada de maneiras significativas à reprodução das relações sociais vigentes. [...] Finalmente, senti que era necessário transportar-me para dentro da escola e escrutinar rigorosamente o verdadeiro currículo – não só o explícito, mas também o oculto – que dominava a sala de aula [...]. Meu objetivo era sintetizar, reformular e ampliar investigações acerca do papel social de nossas teorias e práticas educacionais amplamente aceitas. [p. 44 a 45]

Capítulo 3 – A política do conhecimento oficial: faz sentido a ideia de um currículo nacional?
Michael W. Apple

A educação está intimamente ligada à política da cultura. O currículo nunca é apenas um conjunto neutro de conhecimentos, que de algum modo aparece nos textos e nas salas de aula de uma nação. Ele é sempre parte de uma tradição seletiva, resultado da seleção de alguém, da visão de algum grupo acerca do que seja conhecimento legítimo. É produto das tensões, conflitos e concessões culturais, políticas e econômicas que organizam e desorganizam um povo. [p. 59].


Capítulo 4 – Cultura popular e pedagogia crítica: a vida cotidiana como base para o conhecimento curricular
Henry A. Giroux
RogerSimon

Para Roger Simon e Henry Giroux (1994), a cultura popular representa um contraditório terreno de luta, e um importante espaço pedagógico onde são levantadas questões sobre os elementos que organizam a base da subjetividade e da experiência do aluno. Colocam ainda que, a cultura popular situada no terreno do cotidiano, quando valorizada e legitimada no currículo escolar é, em consequência disso, apropriada pelos alunos e ajuda a validar suas vozes e experiências. (p.96).

Os próprios educadores, em sua maioria, têm dificuldade em estabelecer vínculos entre os saberes universais, provenientes da racionalidade acadêmico-científica, com os saberes populares proveniente das culturas tradicionais, que a nosso ver, seria o caminho ideal a ser seguido pela educação formal. A formação desses educadores deveria garantir que houvesse um tratamento privilegiado às questões referentes aos saberes tradicionais populares, enquanto forma e conteúdo dos programas pedagógicos, para que o processo de troca e diálogo com os saberes científicos se desse de forma mais equilibrada e não hierarquizada. Portanto, além das políticas públicas no campo da educação, a formação continuada dos educadores, também deve estar voltada para as experiências produzidas no campo do saber tradicional, pois só dessa forma, será possível o alargamento da racionalidade e dos paradigmas que predominam nessas instâncias.(JOSE JEOVA XAVIER CONCEICAO - http://www.protexto.com.br/texto.php?cod_texto=2529)

Capítulo 5 - Formação cultural do professor como uma contra-esfera pública: a pedagogia radical como uma forma de política cultural
Henry A. Giroux
Peter Mc Laren

A educação abrange os processos formativos que desenvolvem-se na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais, nas organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. Portanto, a educação não deve ser privilégio e sim, um compromisso de ação social. Na verdade, seu grande problema é formar pessoas capazes de enfrentar a vida, pois seleciona incluindo alguns e excluindo a maioria.( Michelotti et al, A formação do professor e sua prática pedagógica).

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