" O vento é o mesmo mas sua resposta é diferente em cada folha".
Cecília Meireles

domingo, 19 de maio de 2013

Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa


Resenha
Referência
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo : Paz e Terra, 2002.
Resumo
Na obra de Paulo Freire - Pedagogia da Autonomia, a prática pedagógica torna-se eminentemente importante, pois, contribui para que o educador deixe a cômoda posição de “ensinagem” para um oposto de atuação traduzido no processo de realizar, criando possibilidades para a construção do conhecimento.
Freire destaca a interação entre aprender e ensinar, mostrando que quando um sujeito ensina, também aprende e vice-versa. Não sendo, portanto, duas atividades separadas e sim conectadas.
O ser humano é perfeitamente capaz de ir além de seus condicionantes, e deve fazê-lo.
O educador deve constantemente despertar no educando a curiosidade e sua insubmissão, para que este aprenda criticamente. Pois o saber não deve ser simplesmente transferido. Sendo importante para que o educando vá se transformando em sujeito da construção e reconstrução do saber ensinado. O educador deve, portanto, não apenas ensinar o conteúdo, mas acima de tudo ensinar a pensar certo. O mais importante não é a quantidade de conhecimento e sim a qualidade. Pensar certo exige reflexão.
O autor diz que ensino e pesquisa estão interligados. E o educador deve transferir aos alunos os conteúdos e quando estes são apreendidos, operam por si mesmos. Ensinar exige uma superação e não uma ruptura, uma certa curiosidade; pois sem esta não haveria criatividade. Sendo assim, os educadores devem despertar ou instigar a curiosidade do educando. O professor deve manter na sua argumentação certa segurança. Deve aceitar o novo e saber preservar o velho que encarna uma tradição ou marca uma presença no tempo. Produzir nos alunos um diálogo constante e uma reflexão crítica sobre a prática. O educando deve fazer e pensar sobre o que está fazendo. Freire ainda afirma que, tomar consciência do que está fazendo, ajuda a tornar-se um ser pensante, crítico e transformador. É importante sempre questionar.
Freire alerta para o fato de que o professor ao estar em uma sala de aula deve estar atento ao fato de que esta ali para ensinar e não somente transferir conhecimento. Este é um fato que não apenas deve ser apreendido pelo professor e pelo educando, mas também deve ser vivido por eles.
Um professor crítico é uma ser aberto ao conhecimento e as inovações, consciente de seu inacabamento, pois segundo o autor, onde há vida há inacabamento. E que tomando conhecimento sabem que as barreiras não se eternizam. Este sujeito estará em um permanente processo social de busca. A curiosidade torna-se neste caso um fato que gera e abre caminhos para o saber. Já a memorização acaba castrando a liberdade do educando de aventurar-se por si próprio. É importante lembrar que homens e mulheres se tornaram educáveis por que primeiramente tiveram a consciência se seu inacabamento, e isso os fez irem busca de sua educabilidade.
O autor também discute sobre autoridade e autoritarismo, licença e liberdade.  O professor assim como o aluno deve conhecer as diferenças entres essas ações. A responsabilidade do professor é extremamente grande, nenhum deles passa sem deixar marca no aluno, deve aprender a respeitar a autonomia, a dignidade e a identidade do educando. O professor tem que gostar do que faz e acreditar que junto com os alunos podem aprender, ensinar, instigar a busca e superar os obstáculos.
Necessário ainda repensar sobre o fato de que não se faz necessário estar a todo instante estar falando sobre a autoridade, pois ela por si só se faz presente. Um professor competente exerce sem grandes esforços a autoridade e recebe o respeito dos alunos. A autoridade não está no fato dos alunos permanecerem quietos, não está nos silenciados, mas sim na dúvida que instiga. É sempre possível saber o que ainda não sabe quanto saber melhor aquilo que já sabe.  Mas não pode ensinar aquilo que não sabe. O professor deve ser aquilo que diz. Deve tomar uma posição.
O educador deve saber escutar e não apenas falar. Nessa obra, portanto autor diz que escutar é mais que uma habilidade auditiva, é escutar com abertura à fala, ao gesto do outro. Muitas vezes o professor sem agressão pode sim, agredir o aluno, de maneira até mais forte e permanente. Na relação com o outro que não fez as mesmas escolhas, não se deve impor sua opinião. Viver uma abertura respeitosa ao outro.
Paulo Freire conclui que o educador não deve instigar os sonhos impossíveis, e tampouco deve negar aos que sonham o direito de sonhar. E que a arrogância intelectual não se faz necessário no educador. Ele acredita que é necessário que o professor perceba seu inacabamento para assim tornar-se um sujeito consciente de suas atitudes.

Comentários
Esta obra pode ser perfeitamente lida e relida pelos profissionais da área de licenciatura e seus educando ou qualquer um que queira saber um pouco mais sobre autonomia.
O autor aborda temas importantes e muitas vezes esquecidos pelos que estão na sala de aula. Apesar do livro quase parecer uma crítica ao professor, o autor reconhece as dificuldades do educador e as aborda em diferentes ocasiões. Tomado de um discurso regado a buscar a consciência do educador e do educando ele nos leva a percorrer as linhas de sua obra com certa firmeza no que escreve.
O discurso do autor traz o entendimento de que formar um(a) aluno(a) é muito mais que treinar e depositar conhecimentos simplesmente e, ainda que, para formação, necessitamos de ética e coerência que precisam estar vivas e presentes em nossa prática educativa, pois esta faz parte de nossa responsabilidade como agentes pedagógicos. Ele fala da esperança e do otimismo necessários para mudanças e da necessidade de nunca se acomodar, pois "somos seres condicionados, mas não determinados".

Um comentário:

  1. Será que este livro de Freire teria contribuições a dar aos alunos?Em que sentido isso?

    O.b.s. Fez um resumo denso.Manteve a articulação das ideias do livro.

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